Prólogo
Para quem não teve a
oportunidade de conhecê-lo, resumo dizendo que o Samuel é a figura mais
emblemática da Psicologia da UFRGS e ontem foi desbravar outros pagos. Não conseguimos
nos despedir, mas isso talvez não fosse mesmo necessário porque ele vai seguir
por aqui por muito tempo. Peço licença agora para me dirigir aos pais dele porque... Não sei por quê. Acho que porque eu gostaria tanto de abraçá-los que até dói. Mas não posso, então escrevo.
Carta
aberta aos pais do Samuel
Ontem eu passei o dia inteiro chorando, ontem o dia doeu. Não
os conheço pessoalmente, mas gostaria muito de ter estado com vocês para poder
levar meu abraço. Eu não consigo nem imaginar o tamanho da dor que vocês estão
sentido, mas estou mandando as minhas melhores energias para que vocês
consigam, em meio a tanta dor, encontrar algum consolo por terem dado origem a
um guri que fez desse nosso mundo um lugar melhor para se viver.
Vejam bem, eu pouco conhecia o Samuel. Mas também conhecia
muito o Samuel. Nos meus quase 10 anos de Instituto de Psicologia, não consigo
pensar em uma pessoa que tenha cativado tanto quanto ele. Não há outra pessoa
que tenha circulado tão bem em todos os espaços daquele Instituto e, acreditem,
essa não é uma tarefa fácil. Mas o Samuel não se importava, não pedia licença,
ele circulava e pronto. E, de repente, estava em todos os lugares, sendo
admirado, sendo amado.
Na impossibilidade de estar aí fisicamente ontem, tentei me
conectar como era possível, então passei a acompanhar as mensagens na internet.
E elas não pararam de chegar.
O que a gente mais ouve quando alguém é tirado
assim, tão de repente, do nosso convívio é: “puxa, eu não tive tempo de dizer
tudo o que gostaria”, “eu não disse o quanto ele era importante”, “eu não disse
o quanto o amava”. Com o Samuel, não. Com o Samuel foi o inverso. Muitas
pessoas disseram, outras tantas pensaram: “eu te amo, te admiro e o que me
consola é que eu te disse isso tudo”. Porque o Samuel provocava a expressão do
que há de melhor nas pessoas.
O Viktor Frankl, um psiquiatra austríaco, costumava dizer que
se a vida tem um sentido, então o sofrimento necessariamente também o terá. E,
no meio de tanta dor, comecei a procurar um sentido em todo esse sofrimento. E
acabei encontrando o danado no meio de todas as mensagens que li ontem.
A vida do Samuca foi tão breve quanto intensa e, em toda essa
intensidade, ele conseguiu transmitir mensagens de paz, de amor, de
companheirismo, de respeito à natureza, de luta por ideais. E talvez toda essa
dor que estamos sentindo agora sirva para potencializar o legado que ele nos
deixou. E talvez esse seja o sentido de todo esse sofrimento: continuar
lutando, com ainda mais força, para construir o mundo com o qual o Samuca sempre
sonhou e pelo qual sempre lutou.
(hoje comecei a ler a autobiografia do Gandhi,
da qual ele tanto falava)
O Samuca era Batman, era Super-Homem. Exemplo. Força.
Coragem.
O Samuca era amor. O Samuca é amor.
Muito obrigada por terem nos dado o Samuel.
Vocês podem ter certeza de que ele seguirá vivendo em todos
nós.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirque lindo e perfeito!!!! REu ao contrário de vc não conheci o Samuel, somente seus pais, mas com certeza a fruta não cai longe do pé.
ResponderExcluirAbraço
Tb não conheci o Samuel, mas estudei com o pai dele, pessoa espetacular...
ResponderExcluirEu conheci o Samuel desde o instante em que Airi o conheceu! Meu único contato ocorreu às 18h55 de 13/9 quando Airi me telefonou aos prantos pedindo que eu orasse por ele e pelo conforto de seus pais. Eu o fiz, também em lágrimas, acalentando-o com o mesmo carinho que ela tem por ele. Samuel está vivo e vivo permanecerá na memória de todos que tiveram a ventura de partilhar de seu amável convívio...
ResponderExcluir