terça-feira, 10 de novembro de 2009

Encontros e despedidas

Meu dia hoje foi um pouco diferente do habitual.
Acordei cedo, fui para o escritório, larguei as coisas na sala e fui até a sala de reuniões esquentar água. Depois voltei pra minha mesa, li as notícias do dia e comecei a preparar o mate.
Até aí tudo igual a todos os dias das últimas semanas. Parecia até a música do Chico: "todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode as seis horas da manhã...".

Foi então que aconteceu. Bateu uma tristezinha. A sala estava silenciosa como nunca. Tomei o primeiro chimas, olhei pra mesa vazia à minha frente e lembrei que não tinha mais para quem passar o segundo...

Cléa, minha parceira de chimarrão, de pesquisa, de viagem, de estresse, de músicas depressivas, de baralho, de risadas e de cervejas, foi embora. Ela veio pra Angola um mês antes de eu chegar e foi para o Brasil um mês e pouco antes de eu voltar. Retorno merecido, depois de muito trabalho. Mas não é por isso que eu fico menos triste.

Engraçado isso das relações humanas... Às vezes a gente encontra as pessoas e, sem nem reparar, dá uma brechinha para que elas entrem. Algumas passam reto e não são sequer notadas. Outras se aproveitam desse espacinho e vão se embrenhando. Quando te dás conta, não consegues mais tirar a criatura lá de dentro.
Que bom! Porque se as despedidas deixam uma dorzinha ardida lá no fundo, os encontros fazem tudo valer a pena.

E eu deixo o Galeano com vocês de novo. Em tua homenagem, Créa! :)

Un hombre del pueblo de Neguá, en la costa de Colombia, pudo subir al cielo.
A la vuelta, contó. Dijo que había contemplado, desde allá arriba, la vida humana. Y dijo que somos un mar de fueguitos.
El mundo es eso - reveló - Un montón de gente, un mar de fueguitos.
Cada persona brilla con la luz propia entre todas las demás. No hay dos fuegos iguales. Hay gente de fuegos grandes y fuegos chicos y fuegos de todos los colores. Hay gente de fuego sereno, que ni se entera del vento, y gente de fuego loco, que llena el aire de chispas. Algunos fuegos, fuegos bobos, no alumbran ni queman; pero otros arden la vida con tantas ganas que no se puede mirarlos sin parpadear, y quien se acerca, se enciende.



Obrigada por tudo, Créa! Principalmente por "arder la vida con tantas ganas".
Já estás a fazere falta, neguinha!

7 comentários:

  1. Bah! Na minha cabeça, a Cléa era bem diferente! ;) hehehehe

    ResponderExcluir
  2. Ah sua herodes... me fizeste chorare!!!

    ResponderExcluir
  3. Não tinha uma foto mais "bunitinha" pra botar não Branca??? Eu tô tetronha!!! hahahahahaha...

    ResponderExcluir
  4. Pois é, Créa... É que eu sou bonita, então não tenho esse tipo de problema! Hauhauahuauaha Por incrível que pareça, não tenho foto contigo! :P

    ResponderExcluir
  5. É Bibizinha, Vinicius de Moraes já dizia isso bem antes de você nascer: a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Beijos da mamãe

    ResponderExcluir
  6. Eu sempre tive pra mim que despedidas e encontros são duas faces de uma mesma moeda.O tema é amor, amizade, ou muito afeto. O sentimento inalterado, você parte com desejo de ficar, chega com vontade de chegar, o espaço é uma espera com data marcada e no vai e vem o sentimento te envolve na intensidade suficiente do valeu a pena. Quando menino eu tinha uma moeda de duas caras, excelente para sorteio, apenas para sorteio e o cuidado era o de pedir primeiro. Essa moeda não tem espera...Beijos. Pai

    ResponderExcluir
  7. Eu sei o que são essas separações e a falta que deixam em nós. É como disse o Princepezinho, antes de sabermos que existem não nos fazem falta, mas depois que ocupam o nosso coração não podemos passar sem elas. É como diz o teu pai, significa que existe amor, afectos, mas que custa, custa...

    ResponderExcluir