sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Da série "devaneios"

Estava aqui a pensare com os meus botões e resolvi compartilhare com os botões de vocês também.

Tudo começou com um diálogo simples. Cléa e eu estávamos trabalhando juntas com os dados de uma planilha quando empaquei e comecei a reclamar de alguma coisa. Ela riu e disse: "deixe de ser birrenta, Branca", ao que eu respondi, também rindo: "é, eu sou birrenta mesmo". E ela, por fim, completou: "e eu não sei...".

A conversa não durou nem um minuto, mas me deixou encucada durante um bom tempo.

Lembro que, quando saí de Pelotas e fui morar em Porto Alegre, pensei: "essa é a minha chance de ser uma pessoa diferente...". Não se tratava de adotar um novo nome, pintar o cabelo de loiro, nem nada disso, mas sim de corrigir alguns defeitos e mudar estereótipos construídos durante anos de convivência.

Sei que essa expectativa que envolveu minha mudança de cidade também acomete boa parte das pessoas que viajam, vão para outro lugar, trocam de emprego, de escola, de cidade, de país... O pensamento é mais ou menos o seguinte: "ninguém me conhece, então posso ser quem eu quiser".

E é aí que entra a minha encucação. Fiquei aqui pensando sobre isso tudo e tentando chegar a alguma conclusão. Será que eu posso mesmo ser quem eu quiser? Duvido.

É claro que cresci e aprendi muito quando fui morar sozinha e que isso necessariamente implicou em uma certa mudança pessoal. Apesar disso, a maioria daqueles defeitinhos chatos dos quais eu queria me livrar continuou lá. Eles fazem parte de mim, não importa se estou em Pelotas, em Porto Alegre ou em Luanda.

Essa questão dos defeitos é complicada porque alguns deles acabam reaparecendo depois de um tempo, mesmo que tu te esforces para disfarçá-los. Mas isso também não quer dizer que essas mudanças (de emprego, de escola, de cidade...) não propiciem novas possibilidades. E talvez uma das mais legais seja mesmo a de poder modificar os estereótipos construídos ao longo do tempo e dos quais fica difícil se livrar quando não ocorre algum tipo de rompimento.
As pessoas evoluem, mas nem sempre a família e os amigos mais próximos percebem. E isso incomoda um bocado. Quando tu trocas de cidade, as pessoas não têm definidos esses pré-conceitos sobre ti (podem ter outros, mas não esses). E acho que, no fim das contas, isso facilita muito o estabelecimento de novas relações porque tu ficas livre para ser quem de fato és, sem precisares te preocupar com cobranças e julgamentos baseados em eventos passados.

Bom, mas depois de tanta elucubração, o que fica é a conclusão de que...







...eu, de fato, sou birrenta! E não há troca de cidade que mude isso ;)

6 comentários:

  1. "Branca"? (e agora tu dizes "sabia que tu ias falar isso!") Pois é... ;P
    Quanto ao post... tu vê só... acho que eu preciso de um rompimento! hehehehe
    Beijão,
    Loira

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  2. Não tem problema, a gente te ama mesmo sendo birrenta! hehehe Na verdade, tu não seria tu se não fosse birrenta, então não precisa mudar porque faz parte do teu charme! =P
    Beijos

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  3. É complicado, mas nem tanto... Será que eu posso ser quem eu quiser ser? Acho que a coisa funciona assim: em primeiro lugar tu tens que ser e só começas a ser com os conceitos e pré-conceitos do contexto que te acolhe. Tu não tens de te desfazer de nada, toda a tua construção se dá em cima e por cima do ponto em que te encontras. Toda e qualquer aprendizagem é ferramenta à nossa disposição. Tu és essencialmente crítica, e a crítica é como um esmeril, logo nos permite aplainar arestas, moldar contornos, encaixar e desencaixar.As mudanças de ambiente, não nos concede fugir de nós, já que somos nós que nos deslocamos, acrescentam ou nos disponibilizam mias material, mais ferramentas, à edificação que só a nós compete. Nossos planos nãosão bem planos, podemos definir datas para alcançar tal objetivo, mas não para sermos o que quisermos, porque esse querer é itinerante,e logo ele ou provavelmente outro querer se posta acolá. O jeito é ser, ser agora, o melhor de nós, isso facilita as coisas. Ser birrenta ou não ser birrenta, não é a questão. Seres tu mesma como és, é o que de melhor tens a oferecer e é assim que as pessoas te querem, é assim que elas te amam e é pór te amarem que também necessitam do teu amor. Por onde andares e em qualquer tempo sempre terás pessoas que cultuarão o prazer de usufruir de tua amizade, pois és uma pessoa leal, companheira, sincera, ética, que a todos dignificas e encantas.Beijos, muitos. Pai

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  4. Airi, foi muito engraçado ler o teu post, porque me revi completamente. Enquanto estava a ler pensei que foi exactamente isso que senti quando vim a primeira vez para cá, essa sensação de liberdade, de poder ser quem eu quiser. E de início senti-me diferente mesmo, mas depois com o tempo e as relações que se vão estabelecendo, essas velhas manias voltam e notamos que não tinhamos mudado assim tanto. Pena né?! Mas são essas permanências que parece que nos dão o sentido de contunuidade ao longo do ciclo vital (estudando para a prova de doutorado, eheheheeh).
    Mas essas lufadas de liberdade são óptimas e revitalizantes, mesmo que fugazes...

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  5. Briguenta, Birrenta, Marrenta. O pior é que, se eu fosse obrigada a esclarecer de onde vem esse DNA, acho que saberia bem de onde isso veio... Beijão minha filha

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