quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Mais uma tentativa

A passagem para Porto Alegre já está certinha, o problema é o vôo que parte de Luanda. Se eu não postar nada aqui amanhã é porque consegui embarcar! Dedos cruzados! Beijo, beijo!

11/12/2009, sexta-feira
Webjet
Vôo 6733
Saída GRU 19:50
Chegada POA 21:35

I'll be back... Someday...

Povos e povas,

O vôo de sábado para o Brasil foi cancelado. Isso é bem corriqueiro aqui por essas bandas. Essa questão de vôos é uma bagunça completa.
Bom, agora tenho duas opções: ir amanhã ou segunda. Obviamente escolhi amanhã, mas ainda não tenho nada confirmado, pois é preciso checar se ainda há vagas. Todos na torcida, please!
Aviso assim que tiver mais informações.

Tchus!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Sinfonia

Depois que a Cléa foi embora, outra pessoa veio dividir a sala comigo.
Eu uso fones de ouvido enquanto trabalho e fico escutando música.
Pois bem.
A pessoa pensa que eu não escuto nada e fica se peidando! Dá pra acreditar?! É praticamente uma sinfonia! E eu tenho que fazer cara de paisagem e fingir que não to ouvindo... Na primeira vez foi tortura segurar o riso, mas agora to craque já!
Como diria Cléa, "ô gente, o que é isso, gente?!".

Música curiosa

Trecho da música Homem Casado, do meu ídolo Êivi Cí! Quase me mijei rindo na primeira vez em que ouvi...

"Mulher casada não dá
Se vires a cobra e a mulher casada, bate nela, ela é mais perigosa
É verdade, é o seguinte
A Bíblia diz 'Adão e Eva', não diz 'Adão, Eva e João' ou 'Eva, Adão e João'
Cada um é com cada um
Quem casou, casou
Não vale a pena andarmos a vir aqui a se aldrabar e se misturar
Vamos embora"

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

domingo, 6 de dezembro de 2009

sábado, 5 de dezembro de 2009

Tricolor

Pois vocês vejam só como são as coisas...

Estava eu no carro hoje quando, de repente, vi uma cena inesperada e dei um grito: "Otávio, encosta!". Ele parou o carro no acostamento, eu abri a porta e saí correndo, máquina fotográfica em punho, sem explicar nada.

Eu tinha visto este simpático menino, de muitíssimo bom gosto, da foto aqui à esquerda! Não podia perder a oportunidade de tirar uma foto! Ele não quis muito papo porque tava atrasado pra alguma coisa, mas foi querido mesmo assim :)

Antes desse guri de hoje, já tinha encontrado um cara com a camisa do Grêmio aqui em Luanda, mas ele era brasileiro. Angolano, nunca. Aqui praticamente não se vê o povo usando camisas de times brasileiros, só europeus. O time de maior sucesso em Angola com certeza é o Benfica, de Portugal, que tem até loja própria no centro da cidade. Esse é um filão excelente que os brasucas estão deixando de aproveitar: os angolanos adoram futebol e gostam bastante dos times brasileiros, mas aqui simplesmente não existem camisas dos nossos times para vender.

Bom, mas seguindo com o dia inusitado... Chegando na Feira do Benfica (não o time, o bairro), uma tradicional feira de artesanato aqui de Luanda, dei de cara com o rapaz aí ao lado! Isso uns 30 minutos depois de tirar a foto do piá lá de cima! Muuuuita coincidência! :D Abri um sorrisão e fui lá cumprimentar o cara pela feliz escolha da camisa!

Ah, nunca encontrei ninguém aqui, nem brasileiro, com a camisa do Inter ou com a do Brasil-PE (nesse último caso, só eu!). De qualquer forma, se o Alê tivesse por aqui, ele com certeza já teria encontrado uns cinco gajos vestidos com o uniforme xavante... É incrível! :)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

The best temaki ever!

Quando cheguei em Angola, ainda no aeroporto, recebi três orientações básicas:

1) Tome apenas água mineral
2) Cuidado com os mosquitos
3) Muito cuidado com o que você come

Não foi assim uma recepção muuuito amistosa, mas tudo bem :)
De cara deu pra perceber que os brazucas daqui levam essas três recomendações muito a sério. As meninas lá de casa chegaram a me dizer que eu só deveria escovar os dentes com água mineral. Fiz isso durante alguns dias, mas depois me pareceu demais e resolvi me rebelar: escovo os dentes com água da torneira (quando tem) ou do balde (que é a que vem da torneira).
Uso água mineral pra três coisas, basicamente: beber, cozinhar e lavar minhas "partes íntimas" (essa última por recomendação da ginecologista, cansada das minhas infecções urinárias...e funcionou!).

Os mosquitos são um caso à parte! Na empresa quase todo mundo já pegou malária. Quem ainda não pegou, sabe que um dia vai pegar. Dizem que, no início, o RH mandava uma cesta com guloseimas para fazer um agradinho aos funcionários com malária, mas que o povo teve que desistir quando isso começou a dar prejuízo.
Eu nunca vi tanto mosquito na vida... A porta do meu quarto fica sempre fechada e não há noite em que eu não tenha que matar no mínimo uns 10 antes de dormir. E não é exagero. A parte boa é que comprei uma raquete elétrica assassina de mosquitos muitíssimo eficiente! Ela tem o formato de uma raquete mesmo, só que onde estariam as cordas tem uma trama metálica, que eletrocuta os pobres insetos quando a gente aperta um botão que fica no cabo. Qualquer dia desses tiro uma foto para colocar aqui! Ela também é muito útil contra moscas, mas aí é preciso ter um pouco mais de sadismo. Ao ser atingida pela raquete, a mosca apenas desmaia (que meigo!), não morre. Para matá-la é necessário manter a raquete encostada nela, com o botão apertado, até que a dita cuja vire torresmo. Um dia desses consegui a proeza de fazer uma pegar fogo. Foi bem diver! :D

E a comida... Ah! A comida.
Vocês lembram daquela foto que eu postei, logo nos primeiros dias, de umas mulheres vendendo peixe na estrada? Pra quem não lembra, os peixes estavam expostos a céu aberto, na beira de uma estrada de terra poeirenta, em cima de latas enferrujadas e com várias moscas em cima. Pois bem. É assim que peixes e carnes em geral são vendidos aqui. Até no supermercado a coisa é meio disgusting. Um dia desses vi um pedaço de filé mignon lindo no super e fiquei tri empolgada. Por via das dúvidas, pedi pro açougueiro me mostrar o lado da carne que estava virado pra baixo. Não sei descrever muito bem, mas acho que basta vocês saberem que a carne estava verde :/
Com relação às frutas e verduras, a situação não é muito melhor. Além de esse tipo de alimento ser caaaaro, tudo tem que ficar de molho em água sanitária antes de ser consumido. Alface e outras folhas do estilo não são muito recomendadas.

Dá pra entender porque a comida tem sido o meu grande desafio por aqui, né?! Não sobra uma variedade muito grande de opções...
As comidas das quais sinto mais falta são churrasco e sushi. Churrasco ainda consegui comer um maravilhoso nesses quase quatro meses de Angola. Foi unzinho só, mas deu pra aliviar o desejo. Agora sushi... Já sonhei várias e várias vezes com sushi!

No shopping tem um restaurante japonês, mas sempre fiquei com um pé atrás em comer lá por causa da questão higiênica. Não é muito bom brincar com peixe cru, né?! E não tinha recebido indicações muito positivas com relação a esse restaurante. Ontem, no entanto, não resisti!

Pensei: "Airi, Airi, tu já comeste o churrasquinho da parada de ônibus da rodoviária de Porto Alegre, deixa de ser cagona!". Olhei para o restaurante, ele olhou pra mim, estufei o peito e bravamente me encaminhei até o balcão: "tem salmão?" "tem" "um temaki de salmão então, por favor". E fui sentar orgulhosa enquanto esperava. Quando o temaki chegou, meus olhos se iluminaram. Olhei para aquele lindo rolinho e vi... arroz! Montes e montes de arroz, com uma lasquinha de salmão aparecendo. Analisei bem a peça à minha frente e pensei: "tu sabias que não seria perfeito, então não reclama". Besuntei o temaki com shoyu, respirei fundo e dei a primeira mordida. Foi simplesmente... MARAVILHOSO! O temaki era mal montado, tinha só dois pedacinhos de salmão e o cream cheese era polenguinho, mas vou dizer pra vocês que foi o melhor temaki que já comi na vida! Sério! Eu ria sozinha enquanto sentia o salmão (que eu tentei fazer render ao máximo dando pequenas mordiscadas) se desfazendo suavemente na minha boca. O temaki custou absurdos 10 dólares e, quando acabei, não tive dúvida: "mais um, por favor". Depois de 20 dólares e de algum autocontrole para não transformá-los em 30, fui embora para casa feliz e satisfeita! Que maravilha! :)

Obs.: a foto acima é meramente ilustrativa e não se refere ao temaki que comi ontem. Ela está aí apenas para esclarecer, para os que desconhecem, o que é um temaki. Para que vocês consigam visualizar o de ontem, imaginem arroz onde aparece salmão e vice-versa! :D

domingo, 29 de novembro de 2009

Rubro-Negro

Torci para o Tricolor Paulista com todas as minhas forças, mas ele não fez a sua parte.
Só me resta agora voltar a torcer para o time que me tem desde pequenina: o Flamengo, claro! :)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Papai Noel

Ontem estava passeando no shopping e encontrei o Papai Noel! E sabe o quê? Ele é negro! :D
Sempre me mostraram fotos e desenhos do velhinho como sendo beeem branquinho. Mas, agora que o conheci, sei que ele é negro. Uma simpatia só o bom velhinho! Na próxima vez vou levar a máquina. Quem sabe não dou sorte e o encontro novamente?! ;)

Do que também nos aproxima

Ontem me dei férias e fui ao cinema.

Os cinemas daqui geralmente ficam meio vazios nos dias de semana. Um dia desses, por exemplo, fui assistir Um Conto de Natal (em 3D, por sinal, que aqui também temos cinemas modernos :D) e estávamos na sala eu e mais umas cinco crianças.

Aqui em Angola a maioria dos filmes estréia antes do que no Brasil. Pelo que pude entender, o país segue o calendário cinematográfico de Portugal. Por algum motivo obscuro, no entanto, Lua Nova entrou em cartaz apenas ontem, com uma semana de atraso em relação ao Brasil.

Pausa para quem não sabe do que estou falando.

O filme Lua Nova faz parte da saga Crepúsculo (Twilight), baseada em quatro livros de Stephenie Meyer: Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer. Os livros fizeram muito sucesso e a adaptação para o cinema tem causado furor mundial. Guardadas as devidas proporções (e não façam comparações para não me tirar do sério), é um fenômeno parecido com o de Harry Potter. O ator principal de Crepúsculo, Robert Pattinson, chegou a ser eleito o homem mais sexy do mundo um dia desses, mesmo sendo feio e não sabendo atuar. Mas enfim...

Retomada.

Eu não estou no Brasil, mas acompanhei via internet o fuzuê que causou a visita dos atores do filme ao país uns dias atrás. Confesso, então, que estava curiosa para saber como seria o lançamento do filme por aqui. Imaginava, na minha total ignorância, que o cinema teria meia dúzia de gatos pingados e que eu seria a única vivente a ter lido os livros.

Ha Ha Ha

O cinema estava lotado e as meninas gritavam cada vez que um lobisomem ou um vampiro (sim, o filme é sobre isso) tirava a blusa. Isso sem falar em uma rapariga atrás de mim que ficava suspirando e repetindo as falas dos personagens. A menina do lado dela, pra completar, narrava o filme... Uma hora o vilão estava ameaçando a mocinha e essa guria largou a pérola, segundos antes de o cara ser morto: "hihihihi isso é porque não sabes o que vai te acontecer agora". Não tive como não rir!

Me senti em pleno Unibanco Arteplex, em Porto Alegre, e, mais uma vez, fiquei pasma com o meu poder de subestimar o sítio em que me encontro. Três meses e meio depois, em alguns momentos ainda esqueço que, no Brasil ou em África, não somos assim tão diferentes.

Sobre o filme... Adorei! Ao contrário do que aconteceu com Crepúsculo, a história de Lua Nova está muito bem contada. Os efeitos especiais são ótimos, assim como a trilha sonora! E, pra completar, o Pattinson aparece pouquíssimo (talvez esse seja um dos motivos para o filme ser bom, vai saber...). Recomendo!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Fidel

Nunca falei pra vocês sobre o Fidel. Ele é motorista da empresa e uma das pessoas mais queridas pra mim aqui em Angola. Um dia desses estava a voltare do mercado com ele, quando ficamos (pra variar) parados em um enorme engarrafamento. O Fidel é um cara super inteligente. Já foi motorista de candonga (as vans de transporte coletivo daqui), sabe falar inglês, conhece tudo sobre música brasileira e angolana e tem planos de cursar Direito. Teve que parar de estudar porque a esposa ficou grávida, mas pretende voltar em breve. Isso já faz dois anos, mas eu torço muito para que ele de fato coloque os planos em prática no ano que vem.

Enfim... A gente sempre fica a batere papo no carro e, nesse dia, ele virou pra mim e perguntou:

"Professora [os motoristas da empresa chamam todo mundo de professor], por que será que nós angolanos somos tão tímidos?"
"Como assim, Fidel?"
"É, vocês brasileiros são tão simpáticos e expansivos, e nós somos tão tímidos. Por exemplo, se chega uma repórter da TV Zimbo aqui e me pergunta: 'E então, o que o senhor acha do trânsito aqui na Rocha Pinto?', eu não ia saber o que dizer"
"Ah, mas isso é normal... E não acho vocês tão tímidos assim"
"Mas a senhora já tentou fazer uma pergunta pra um angolano? Ele não responde"
"É, realmente tive alguns problemas na coleta de dados. Às vezes fazia uma pergunta e a pessoa ficava calada, olhando pros lados ou pra baixo"
"Pois é, aqui as pessoas fazem isso"
"É, mas se fores prestar atenção, vocês são super animados e expansivos quando estão entre amigos. Estão sempre a dançare, a rire, a brincare..." (hehehehe)
"É verdade..."
"Então... Na verdade eu acho os angolanos muito parecidos com os brasileiros, principalmente com os baianos. É o mesmo estilo"
"É, todo mundo diz isso, acho que é parecido mesmo"
"Pois é, tens que ver que vocês passaram décadas em guerra e que não tinham liberdade nenhuma pra se expressar. Faz só sete anos que isso tudo acabou e não é de uma hora pra outra que as coisas mudam. As pessoas não estão acostumadas a responderem perguntas e a serem ouvidas de verdade..."
"É mesmo, né professora?" (e ele abre um sorrisão)
"É, é mesmo, Fidel"

Não sei explicar por que, mas essa conversa me marcou tanto que fico com os olhos marejados de lembrar. A preocupação e a alegria dele foram tão genuínas... Nós fomos conversando e construindo a linha de pensamento juntos. Foi tão bom!
Quis compartilhar :)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Passatempo

Enquanto continuo correndo endoidecida, deixo aqui uma das minhas fotos preferidas pra vocês. A "casa de banho" da escola. Modéstia completamente à parte, a fotógrafa foi brilhante nessa! :D


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Globo Internacional

Quando estou em Porto Alegre, praticamente não assisto a nenhum canal aberto na televisão. Raramente sei qual é a programação da Globo, que só assisto no domingo de manhã (Esporte Espetacular!). Novela, então, faz muito tempo que não acompanho. Nada contra, simplesmente prefiro assistir outros programas. Nem entro naquela discussão sobre novela ser lixo televisivo porque seria muita hipocrisia: as coisas que eu gosto de ver na NET definitivamente não estão em um nível muito acima dos folhetins globais!

Aqui em Angola, no entanto, a situação mudou um pouco de figura. Tem gente que toma Guaraná pra se sentir mais perto de casa. Pois eu assisto Globo Internacional! Direto. Todos os dias. Acho que foi a forma que encontrei para me manter atualizada com o que acontece na minha terra. Nada racional, claro. Até porque a internet é muito mais efetiva no que diz respeito à informação propriamente dita. É uma coisa bem emocional mesmo. Tu chegas em casa, ligas a TV e assistes Globo. Estás no Brasil, certo? Errado, mas que mal tem em tentar dar uma enganadinha no cérebro? :D

Enquanto estávamos viajando pelas Províncias, eu assistia TODAS as novelas. Até, pasmem!, Malhação. Explico: nos hotéis eu sempre deixada a TV do quarto ligada para fazer barulho. Aí tu começas a ouvir que o fulaninho tá apaixonada pela beltraninha, mas que a sicrana malvada aprontou uma sacanagem para separar os dois, e começas a te envolver na história, mesmo que ela seja igual a todas as outras. Enfim. Voltei pra Luanda sabendo tudo que estava acontecendo no mundo noveleiro global.

Ah! Deixa eu explicar como funciona a programação daqui, que não é igual a do Brasil. A Globo Internacional mescla programas da Globo, do GNT, do Multishow e do Sportv. Também reprisam alguns programas antigos. Fica bem interessante até. As novelas são transmitidas com um dia de atraso. Ou seja, hoje eu assisto o capítulo que passou aí ontem. Os jornais passam no mesmo dia, mas com algumas horas de atraso, já descontado o fuso horário. O Bom dia Brasil, por exemplo, eu assisto na hora do almoço. Jornal Nacional eu nunca assisti porque é de madrugada. O Fantástico passa segunda de noite. As novelas, meu novo xodó, são condensadas em um bloco gigante. Ou seja, passa Malhação, Cama de Gato, Caras e Bocas e Viver a Vida. Uma depois da outra. Bem bom! :D

De vez em quando, tem algum programa ao vivo. No domingo de noite, por exemplo, é transmitido algum jogo do Brasileirão. E é evidente que eu assisto sempre, não importa quem jogue :)
No dia em que o Rio foi eleito sede das Olimpíadas, toda hora entravam flashes ao vivo na programação. E a retardada aqui, na TPM, chorou vendo o filmezinho de apresentação da cidade e ainda ficou toda ansiosa esperando o anúncio. Sério, as pessoas ficam estranhas quando estão longe de casa! Pra vocês terem ideia de como a coisa é patética, eu me esgoelo cantando a musiquinha dos 10 anos da Globo Internacional quando a propaganda passa na TV: "juntos numa só viagem, no canal dessa nação, espelho da nossa imagem, o que nos uuuune é a meeeesma emoçããão". Só falta dar uma sambadinha. Mas aí também já seria demais...


Três meses!

Hoje completo exatos três meses em Angola! Parece pouco, mas é metade da vida da minha afilhada linda e gordinha, de quem estou morrendo de saudades :)

Já aprendi muitas coisas nas minhas angolandanças e tenho certeza de que ainda vou aprender outras mais. Nesse exato momento, estou exercitando os dons da tolerância e da paciência. Como nasci com uma certa defasagem nesses quesitos, imagino que no futuro essa experiência será bastante proveitosa. Por enquanto está sendo apenas dolorida! :P
Trabalhar em equipe é algo fantástico, mas requer um jogo de cintura danado quando algum dos membros do time destoa do resto (não, nesse caso não sou eu quem está destoando, então guarda as pedras, querido cunhado :D).

É em momentos como esse que eu lembro do meu querido Grêmio-só-ganha-em-casa e penso em como tudo seria melhor se o Rochemback não entrasse em campo. Mas é aquela coisa: ele está lá. Então, como o técnico insiste em não mandá-lo para a reserva, o que os outros jogadores precisam fazer é jogar bem apesar dele e tentar não deixá-lo atrapalhar as jogadas.

Só pra constar: nesse caso eu seria o Victor, claro.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Mart'nália

Acabei de ler na Zero Hora que amanhã vai ter show da Mart'nália em Porto Alegre. Ela vai lançar o cd Madrugada que, graças à Créa, é praticamente a minha trilha sonora aqui em Angola. Excelente programa para quinta-feira à noite, pela barbadinha de 40 pilas. Eu, se estivesse aí, não perderia!

De lambuja, deixo aqui a minha música preferida (por razões óbvias) pra vocês. Nessa canção, Mart'nália literalmente canta Angola. Ela fala de quase todas as Províncias do país e de coisas típicas da terra, como o fundji, que é como se fosse uma polenta cozida, só que branca e sem gosto, que os angolanos adoram! Hahahahaha :D
Mas falando sério... Tenho um carinho muito grande por essa música e as outras são muito boas também. Recomendo! :)

Angola
(Arthur Maia, Mart'nália, Maré e Paulo Flores)

Êh, Angola, muxima êh
Êh, Luanda, Mussulo
De onde vem meu povo
terra do homem novo
minha nação Banto Zumbi
Cheiro de jinsaba, nos sons do meu perfume
com semba, samba, soul charme
Só vivo de madrugada
Sou filho da batucada, okê!
e isso é questão de prazer
Minha festa é a Kizomba
"Em volta da fogueira"
Lúmbua, mukolo, kalulu,
Fundji e mbiji
Sou filha da Angola
Sou neta da Bahia
Sou cria da poesia que vem das ondas do mar
O meu canto é de Oxòssi
Por isso é que eu sou forte
Mutalambô, oxú-pá de Massangá, Lembá-Dilê
Obá de Ngana Zambi ê
Kiandá ossá, crioula
que vem de Ngana Zambi ê
Êh, Benguela, MuKumbê
Êh, Lubango, Katendê
Êh, Cabinda, lelé bamiô
Êh Bengo, ereum malé
Êh Bié, oxé
Êh Cuango Cubango, Lembá Dilê
Êh Cuanza Norte, afoxê Loni
Êh Cuanza Sul, gexá morô
Êh Cunene, tatá ê mê
Êh Huambo, okê
Êh Huíla, aganju
Lunda Norte, é alocu mabó
Lunda Sul,
Olorum idá quilofé
Luanda

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Encontros e despedidas

Meu dia hoje foi um pouco diferente do habitual.
Acordei cedo, fui para o escritório, larguei as coisas na sala e fui até a sala de reuniões esquentar água. Depois voltei pra minha mesa, li as notícias do dia e comecei a preparar o mate.
Até aí tudo igual a todos os dias das últimas semanas. Parecia até a música do Chico: "todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode as seis horas da manhã...".

Foi então que aconteceu. Bateu uma tristezinha. A sala estava silenciosa como nunca. Tomei o primeiro chimas, olhei pra mesa vazia à minha frente e lembrei que não tinha mais para quem passar o segundo...

Cléa, minha parceira de chimarrão, de pesquisa, de viagem, de estresse, de músicas depressivas, de baralho, de risadas e de cervejas, foi embora. Ela veio pra Angola um mês antes de eu chegar e foi para o Brasil um mês e pouco antes de eu voltar. Retorno merecido, depois de muito trabalho. Mas não é por isso que eu fico menos triste.

Engraçado isso das relações humanas... Às vezes a gente encontra as pessoas e, sem nem reparar, dá uma brechinha para que elas entrem. Algumas passam reto e não são sequer notadas. Outras se aproveitam desse espacinho e vão se embrenhando. Quando te dás conta, não consegues mais tirar a criatura lá de dentro.
Que bom! Porque se as despedidas deixam uma dorzinha ardida lá no fundo, os encontros fazem tudo valer a pena.

E eu deixo o Galeano com vocês de novo. Em tua homenagem, Créa! :)

Un hombre del pueblo de Neguá, en la costa de Colombia, pudo subir al cielo.
A la vuelta, contó. Dijo que había contemplado, desde allá arriba, la vida humana. Y dijo que somos un mar de fueguitos.
El mundo es eso - reveló - Un montón de gente, un mar de fueguitos.
Cada persona brilla con la luz propia entre todas las demás. No hay dos fuegos iguales. Hay gente de fuegos grandes y fuegos chicos y fuegos de todos los colores. Hay gente de fuego sereno, que ni se entera del vento, y gente de fuego loco, que llena el aire de chispas. Algunos fuegos, fuegos bobos, no alumbran ni queman; pero otros arden la vida con tantas ganas que no se puede mirarlos sin parpadear, y quien se acerca, se enciende.



Obrigada por tudo, Créa! Principalmente por "arder la vida con tantas ganas".
Já estás a fazere falta, neguinha!

sábado, 7 de novembro de 2009

Da série "diálogos curiosos" II

Uma das pesquisadoras do projeto chega de viagem. Ao desembarcar em Luanda e passar na imigração, a funcionária da polícia federal a interpela:

"Chegou do Brasil?"
"Sim"
"E não trouxe um presentinho pra mim?"
"Como?"
"É, não trouxe um presente pra me dar?"
"Não"
"Nenhum presentinho?"
"Não"
(a funcionária olha para a sacola do Duty Free na mão da viajante)
"Nem um perfuminho?"
"Não"
"É sempre assim... As pessoas sempre dizem que vão trazer na próxima vez e nunca trazem"

E, de mau humor depois do diálogo surreal, a funcionária libera a passageira.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Nota da redação

O blog anda um pouco desatualizado porque estamos em uma correria danada por aqui. Precisamos entregar a primeira versão do relatório na segunda-feira! Já experimentei inclusive Red Bull (que aqui se vende até na rua, entre os carros, e que custa o mesmo que uma garrafinha de água) pra ver se ajuda! Hehehehe Assim que der conto algumas novidades e causos, ok? See you!

domingo, 1 de novembro de 2009

Para refletir...

"Será que a foto acima [a do post 'antes e depois'] não existe apenas pela apatia e pelo contentamento simples de um povo sem vontade de mudar?"
Essa foi a pergunta que motivou os escritos abaixo. O objetivo não é mudar o pensamento de ninguém, mas dialogar e contribuir de alguma forma para uma reflexão coletiva. Enjoy!

Em 1975, após quase cinco séculos de colonização e 15 anos de guerra, Angola conquistou a sua independência. No mesmo ano começou a guerra civil, que terminou apenas em 2002, ou seja, há sete anos. Quando falamos nos angolanos, portanto, falamos de um povo que está "livre" há menos de uma década. Falar em apatia e em falta de vontade de mudar me parece um tanto quanto precipitado se levarmos esse contexto em consideração.

O contexto. Ah, o contexto.

Aqui em Angola eu vejo muitas coisas que me chocam. E vejo as pessoas que vivem aqui encararem algumas dessas coisas que me deixam boquiaberta como situações normais e rotineiras. Já contei em outro post que as crianças daqui sofrem terríveis violências quando estão na escola e que, apesar disso, elas continuam indo. Em uma das escolas em que fomos, perguntamos a um grupo de crianças se elas preferem os professores que batem ou os que não batem. A resposta: os que batem porque, assim, elas aprendem.

Já tive altos debates, quase embates, por causa desse assunto com uma das pessoas que trabalha na empresa. Ela insiste em dizer que os professores daqui são pessoas malvadas e cruéis, que batem nas crianças para saciar os seus instintos sádicos. Eu, em contrapartida, bato na tecla de que eles ensinam como sabem, como aprenderam. Nem ela me convence nem eu a convenço.

Pois bem. Eu nasci e fui criada no Brasil. Estudei em ótimas escolas e em uma excelente universidade. Tenho acesso à internet desde o tempo em que se batia papo no mIRC. Já li um monte de livros, desde porcarias medonhas até clássicos consagrados. Tenho NET em casa, mesmo que só assista Sportv. Não viajei muito, mas conheço um bocado de lugares, pessoal ou virtualmente.

Essa é uma parte de quem eu sou e a minha visão de mundo está inevitavelmente ligada a essas e outras questões. Eu sei que as pessoas têm o direito à liberdade e considero importante lutar por ela. Eu sei que existem métodos de ensino mais eficazes do que a palmatória. Eu acredito que as crianças devam ser escutadas, respeitadas e protegidas. Eu tenho vontade e creio que é possível mudar para melhor não só a educação de Angola, mas a realidade do povo angolano como um todo.

Eu penso tudo isso e penso porque posso pensar. Penso porque conheço uma realidade diferente dessa aqui. Penso porque sei que outras nações, inclusive a minha, já passaram por momentos semelhantes a esse. Penso porque tenho acesso a uma série de informações e vivências que me permitem acreditar nisso.

Pausa.

Fala de uma professora participante da pesquisa: "as crianças não têm acesso a computador, a televisão... é difícil pra elas entenderem coisas sobre um mundo com o qual não têm contato".

Retomada.

Como acusar um povo de não ter vontade de mudar se talvez esse povo nem sequer saiba que existem outras possibilidades? As crianças não gostam de apanhar, e o dizem, mas acreditam que esse é o único meio de aprender. Será que o povo sabe que existe outro meio de existir, outra forma de viver?

O contexto. Ah, o contexto.

Quantas e quantas vezes me peguei julgando o que ocorre aqui unicamente a partir da minha visão limitada de mundo? Inúmeras!
E não é contradição com o que eu disse alguns parágrafos acima: visão limitada, sim. Porque tudo aquilo que eu citei como sendo parte da minha formação também me limita. Toda visão de mundo é limitada. Na medida em que eu olho o mundo a partir de um determinado ponto, deixo de enxergá-lo por outro. Como dizer, então, que a minha visão é melhor ou mais correta do que a de outra pessoa? Não seria menos temerário dizer que ela é simplesmente diferente?

Talvez sim, talvez não, mas acho que é algo a se pensar...

Sei que em um ponto concordo contigo, querido cunhado: "o difícil é lutar por reais mudanças, lutar por educação e progresso, por partilha e justiça". É difícil mesmo. Difícil, não impossível.

E, para encerrar esse post meio capenga com chave de ouro puro, deixo aqui um pequeno texto do meu querido Eduardo Galeano, que parece fazer a cada dia mais sentido.

En algún lugar del tiempo, mas allá del tiempo, el mundo era gris. Gracias a los indios ishir, que robaron los colores a los dioses, ahora el mundo resplandece; y los colores del mundo arden en los ojos que los miran.
Tício Escobar acompaño a un equipo de la televisión, que viajó al Chaco, desde muy lejos, para filmar escenas de la vida cotidiana de los ishir.
Una niña indígena perseguía al director del equipo, silenciosa sombra pegada a su cuerpo, y lo miraba fijo a la cara, de muy cerca, como queriendo meterse en sus raros ojos azules.
El director recurrió a los buenos ofícios de Tício, que conocía a la niña y entendía su lengua. Ella confessó:
- Yo quiero saber de que color ve usted las cosas.
- Del mismo que tú - sonrió el director.
- Y cómo sabe usted de qué color veo yo las cosas?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Rapidinha

Hoje bateu uma saudade doída da minha terra e dos meus queridos.
Kleiton e Kledir cantaram no iPod: "deu pra tiiii, baixo astraaal..." e eu fiquei com vontade de cantarolar o resto, mas não pude.
O bom é saber que amanhã tudo vai estar melhor.
Minha TPM é vapt-vupt :)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Antes e depois

Quando ficou definido que eu realmente viria para Angola, comecei a procurar informações sobre o país na internet. Fiquei sabendo sobre a guerra, sobre as minas terrestres, sobre a falta de água e de saneamento básico, sobre o altíssimo custo de vida. O quadro não foi dos mais animadores, mas em nenhum momento me fez pensar em deixar de vir.

Até que encontrei uma foto na wikipédia que fez o meu estômago dar duas voltas e, depois, parar de cabeça pra baixo:


Eu olhei para essa imagem e pensei: "meu deus do céu, que lugar é esse?!". Meu primeiro impulso foi pensar: "no way". O segundo foi ficar desesperada. O terceiro foi controlar os nervos e trazer os pés de volta pra terra. O quarto foi dizer: "eu vou".

A lógica que me orientou é simples: se eu vejo uma coisa dessas e penso em não ir é porque algo está muito errado comigo.

Os dias seguintes a esse primeiro impacto foram de uma certa ambiguidade. Ao mesmo tempo em que eu pensava na foto para ter certeza de que estava fazendo a coisa certa, tentava esquecê-la porque ela gerava uma ansiedade danada em mim. Confesso que, durante esses dias, várias vezes me questionei em segredo se eu tinha duas coisas essenciais para a viagem: estômago para encarar de frente a realidade que me aguardava e competência para fazer algo por essas crianças.

Ao chegar aqui, esqueci do retrato e dos questionamentos. Esqueci completamente. Fiquei tão compenetrada no que estava vendo e vivendo que não pensei mais nas crianças da sala de aula aí acima. Pensei em outras, mas não nessas.

Até que, semana passada, procurando uns arquivos no computador, me deparei novamente com a foto. Foi uma sensação estranhíssima. Ao mesmo tempo em que lembrei de todo aquele espanto que senti na primeira vez em que a vi, olhei para o curioso retrato e percebi que ele poderia ter sido clicado em qualquer uma das escolas que visitei, em qualquer um dos lugares por onde andei. Encontrei rostos conhecidos em um cenário deveras familiar.

E foi como se a foto se desdobrasse em duas: a do antes e a do depois. Assim como também eu me desdobro em duas: a do antes e a do depois.

Cabelo brasileiro

Minha mãe acabou de escrever sobre a Lesliana Pereira, repórter angolana, em um recado no post aí de baixo. Parece que ela fez uma reportagem sobre os cabelos das mulheres negras no Brasil e que, depois da viagem, decidiu trocar suas madeixas escorridas à la Naomi Campbell pelo seu cabelo cacheado original, à la Taís Araújo na novela das oito.

Só a título de curiosidade: Lesliana Pereira é repórter da Globo Internacional. Ela foi Miss Angola em um ano qualquer e, segundo Cléa, já participou de algum fime da Xuxa.
Esses dias teve o Dia da Amizade Angola-Brasil aqui em Luanda. Algo no estilo do Brazilian Day, que ocorre em vários lugares do mundo. Os apresentadores do show eram o Luciano Huck e a Lesliana. A Xuxa foi a grande atração da noite (por isso que ela e a Xaxa estavam aqui).

Mas, enfim, tudo isso foi pra dizer que essa história de cabelo é um caso a parte aqui em Angola. Eu até escreveria sobre isso, mas Cléa já o fez (aqui nesse link) e eu não o faria melhor. Recomendo fortemente a leitura! Só para dar um gostinho:

"Quando cheguei em Angola, uma coisa me chamou a atenção: os cabelos das mulheres. Baseada no termo que usamos no Brasil, 'cabelo afro', imaginei que aqui fosse encontrar as mulheres com suas belas cabeleiras eriçadas, seus penteados de tranças e coisas assim. Ledo engano! Fiquei surpresa quando vi que a maioria esmagadora delas usa cabelos lisos. Pior, usam perucas!!! (...)"

No fim do texto, Cléa praticamente profetizou que Lesliana usaria os cabelos crespos depois de ver a Taís Araújo na telinha... Hehehehe

Da série "acredite se puder" IV

Encontramos essa figura no aeroporto em uma das nossas andanças pelo país. A foto, no entanto, não faz jus à beleza do momento!

Nosso amigo rubro estava chiquetérrimo! :) Cada uma das peças de roupa era de um tecido diferente. A calça era jeans, o paletó de um tecido mais social, o colete parecia de seda, a camisa era de algodão e tinha bolinhas vermelhas. Destaque especial para a gravata borboleta e para o óculos ray-ban de plástico.

Ia pedir para tirar uma foto com ele e, embora acredite que ele adoraria, fiquei com receio de ofendê-lo. O jeito foi fingir que estava tirando uma foto de Cléa, enquanto enquadrava-o ao fundo. Não poderia deixar de mostrar uma maravilha dessas pra vocês!

Ah! Detalhe: a meia era azul... Não se pode querer tudo, né?!

sábado, 24 de outubro de 2009

Os US$120 e a dona do mundo

Hoje a AEBRAN (Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola) organizou a sua tradicional feijoada anual para brasileiros aqui em Luanda. Eu estava louca pra ir, mas, sabe como é, sou uma pobre estudante de mestrado angolandando por aqui e o ingresso era... US$120! Isso mesmo, tu não leste errado: cento e vinte dólares! Tudo bem, incluía a feijoada, várias entradas e sobremesas, bebidas (água, refri, cerveja, caipira, uísque...) e alguns shows, mas isso não ameniza o fato de que custava cento e vinte dólares! É, porque não é todo mundo que tem cento e vinte dólares pra gastar assim. Afinal das contas, cento e vinte dólares são cento e vinte dólares, oras!

Pois bem. Chorei por uma cortesia com todos os meus contatos influentes, mas me asseguraram que essa festa era exclusiva e que ninguém conseguiria esse tipo de barbada. Passei a semana inteira me debatendo por causa dos tais cento e vinte dólares. Sim, não contem pra ninguém, mas eu realmente cogitei a possibilidade de pagar essa quantia astronômica para prestigiar o evento. Antes de me chamarem de louca, leiam a próxima frase. Vocês não sabem de quem era um dos shows... Sim, ele mesmo! Heavy C!! (ah, nunca contei, mas no inglês angolano lê-se: Êivi Cí! hehehehe)

Fiquei então nesse dilema: pagar ou não pagar, eis a questão! Depois de várias indas e vindas, o meu lado sensato imperou e resolvi não pagar. Porque é aquela coisa: cento e vinte dólares são, realmente, cento e vinte dólares! Confesso que fiquei um pouco triste comigo mesma, mas acabei superando a decepção e decidindo ir comer uma feijoada de US$13 com dois amigos que também são pobres. Treze dólares dava pra pagar... A feijoada não era lá essas coisas, mas resolvi abstrair a questão toda do Êivi Cí e me diverti um bocado.

Pouco tempo depois de comer até estourar, recebi um telefonema milagroso. Era uma amiga dizendo que havia conseguido dois ingressos para Cléa e eu irmos de graça na feijoada de cento e vinte dólares! Pois é povo, eu não sou a dona do mundo, mas sou amiga da dona ;) Saí correndo de onde estava e voei para o lugar da festa. Esses ingressos que sobraram eram de dois caras da imprensa que resolveram não ir. Que pena pra eles! Hehehehe

Chegando lá, ganhei uma camiseta com o desenho de um feijãozinho simpático e fiquei esperando o meu ídolo chegar! Nesse ínterim, petisquei um bocado e bebi tudo o que tinha direito. Não importava que eu já tivesse almoçado. Afinal, o ingresso custava cento e vinte dólares! Eu tinha que aproveitar! :D

O show do Êivi Cí foi ótimo, mas vocês acreditam que ele não cantou a música da Neusa?! Pois é, nem adiantou Cléa gritar na frente do palco: "eu sou a Neeeusa". Hehehehe No final fomos lá falar com ele. Eu contei que fiquei tristíssima por não ter ouvido "como me sinto eu" (a música da Neusa). Ele ficou todo sem jeito (tão fofo!) e disse que não sabia que a gente conhecia a música. Foi um encontro muito simpático! Fora que ele é um charme, né... Eu só lembrava da Mocre! (a minha amiga que peida, mãe) :D

Depois do Êivi Cí quem tocou foi a fantástica dupla sertaneja brasileira Síííílvioooo e Róóóbsooon! :D Foi muito divertido! Nunca tinha ouvido falar nos caras, mas me diverti horrores! Quase fui à loucura pulando quando eles começaram a cantar: "borboleeeetas sempre voooltam e o seeeu jardim sou eeeeuuu". Não sei se meu currículo ficou manchado na empresa depois dessa, mas eu cantei e dancei até não poder mais! Foi ótimo!! :)

Aqui em Luanda é tudo muito complicado em termos de diversão. O povo trabalha feito doido e tem pouquíssimas oportunidades para se distrair, então é ótimo quando tem um evento como esse. Fiquei muito feliz de ter ido! Muito mesmo! E ainda bem que não precisei desembolsar os tais cento e vinte dólares. Ficou perfeito! :)

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Da série "devaneios"

Estava aqui a pensare com os meus botões e resolvi compartilhare com os botões de vocês também.

Tudo começou com um diálogo simples. Cléa e eu estávamos trabalhando juntas com os dados de uma planilha quando empaquei e comecei a reclamar de alguma coisa. Ela riu e disse: "deixe de ser birrenta, Branca", ao que eu respondi, também rindo: "é, eu sou birrenta mesmo". E ela, por fim, completou: "e eu não sei...".

A conversa não durou nem um minuto, mas me deixou encucada durante um bom tempo.

Lembro que, quando saí de Pelotas e fui morar em Porto Alegre, pensei: "essa é a minha chance de ser uma pessoa diferente...". Não se tratava de adotar um novo nome, pintar o cabelo de loiro, nem nada disso, mas sim de corrigir alguns defeitos e mudar estereótipos construídos durante anos de convivência.

Sei que essa expectativa que envolveu minha mudança de cidade também acomete boa parte das pessoas que viajam, vão para outro lugar, trocam de emprego, de escola, de cidade, de país... O pensamento é mais ou menos o seguinte: "ninguém me conhece, então posso ser quem eu quiser".

E é aí que entra a minha encucação. Fiquei aqui pensando sobre isso tudo e tentando chegar a alguma conclusão. Será que eu posso mesmo ser quem eu quiser? Duvido.

É claro que cresci e aprendi muito quando fui morar sozinha e que isso necessariamente implicou em uma certa mudança pessoal. Apesar disso, a maioria daqueles defeitinhos chatos dos quais eu queria me livrar continuou lá. Eles fazem parte de mim, não importa se estou em Pelotas, em Porto Alegre ou em Luanda.

Essa questão dos defeitos é complicada porque alguns deles acabam reaparecendo depois de um tempo, mesmo que tu te esforces para disfarçá-los. Mas isso também não quer dizer que essas mudanças (de emprego, de escola, de cidade...) não propiciem novas possibilidades. E talvez uma das mais legais seja mesmo a de poder modificar os estereótipos construídos ao longo do tempo e dos quais fica difícil se livrar quando não ocorre algum tipo de rompimento.
As pessoas evoluem, mas nem sempre a família e os amigos mais próximos percebem. E isso incomoda um bocado. Quando tu trocas de cidade, as pessoas não têm definidos esses pré-conceitos sobre ti (podem ter outros, mas não esses). E acho que, no fim das contas, isso facilita muito o estabelecimento de novas relações porque tu ficas livre para ser quem de fato és, sem precisares te preocupar com cobranças e julgamentos baseados em eventos passados.

Bom, mas depois de tanta elucubração, o que fica é a conclusão de que...







...eu, de fato, sou birrenta! E não há troca de cidade que mude isso ;)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Mate amargo

Estou tentando disseminar a cultura do mate amargo aqui por esses pagos longínquos. Sou quase uma atração turística, todo mundo que me vê com a cuia na mão pára pra conversar sobre o assunto. Um dia desses uma das funcionárias angolanas aqui da empresa veio me explicar que eu precisava esperar a luzinha do aquecedor apagar para garantir que a água havia fervido. Foi engraçado tentar fazê-la entender que o segredo era justamente desligar o aquecedor um pouco antes do ponto de fervura.

Mas voltando ao mate... Poucos têm coragem de experimentar, mas aos poucos vou angariando novos adeptos. A Cléa, minha colega pedagoga, de vez em quando me acompanha. Eu acho ótimo! O problema é quando ela está lá sorvendo o amargo e resolve brincar com a bomba (o que ocorre sempre). Sério, a pessoa acha que aquilo é um canudinho. Não sei quem é pior, ela ou a Ieva, minha amiga portuga. Pelo menos a Cléa só mexe na bomba: a Ieva tem mania de ficar brincando com a dita cuja como se fosse uma colher! Hehehehe

Bom, para evitar problemas como esse, procurei os dez mandamentos do chimarrão na internet. Acho que vou fazer um manualzinho para distribuir aos interessados e, dessa forma, evitar peleias desnecessárias! :)

1- NÃO PEÇAS AÇÚCAR NO MATE

O gaúcho aprende desde piazito o porquê o chimarrão se chama também mate amargo ou, mais intimamente, amargo apenas. Mas se tu és de outros pagos, mesmo sabendo, poderá achar que é amargo demais e cometer o maior sacrilégio que alguém pode imaginar nesse pedaço do Brasil: pedir açúcar. Pode-se por água, ervas exóticas, cana, frutas, cocaína, feldspato, dollar, etc... mas jamais açúcar. O gaúcho pode ter todos os defeitos do mundo, mas não merece ouvir um pedido desses. Portanto, tchê, se o chimarrão te parece amargo demais, não hesites, pede uma coca-cola com canudinho. Tu vais te sentir bem melhor.

2- NÃO DIGAS QUE O CHIMARRÃO É ANTI-HIGIÊNICO

Tu podes achar que é anti-higiênico por a boca onde todo mundo põe. Claro que é. Só que tu não tens o direito de proferir tamanha blasfêmia em se tratando de chimarrão. Repito: pede uma coca-cola de canudinho. O canudo é puro como a água de sanga (pode haver coliformes fecais e estafilococos dentro da garrafa, não nele).

3- NÃO DIGAS QUE O MATE ESTÁ QUENTE DEMAIS

Se todos estão chimarreando sem reclamar da temperatura da água, é porque ela é perfeitamente suportável por pessoas normais. Se tu não és uma pessoa normal, assume tuas frescuras (caso desejes te curar, recomendamos uma visita ao analista de Bagé). Se, porém, te julgas perfeitamente igual aos demais, faze o seguinte: vai para o Paraguai. Tu vai adorar o chimarrão de lá.

4- NÃO DEIXES UM MATE PELA METADE

Apesar da grande semelhança que existe entre o chimarrão e o cachimbo da paz, há diferenças fundamentais. Como o cachimbo da paz, cada um dá uma tragada e passa-o adiante, já o chimarrão não. Tu deves tomar toda a água servida até ouvir o ronco da cuia vazia. A propósito, leia logo o mandamento abaixo.

5- NÃO TE ENVERGONHES DO "RONCO" NO FIM DO MATE

Se, ao acabar o mate, sem querer fizer a bomba "roncar", não te envergonhes. Está tudo bem, ninguém vai te julgar mal-educado. Esse negócio de chupar sem fazer barulho vale para a coca-cola com canudinho que tu podes até tomar com o dedinho levantado (fazendo pose de assumida).

6- NÃO MEXAS NA BOMBA

A bomba de chimarrão pode muito bem entupir, seja por culpa dela mesma, da erva ou de quem preparou o mate. Se isso acontecer, tens todo o direito de reclamar. Mas por favor, não mexas na bomba. Fale com quem te passou o mate ou com quem lhe passou a cuia. Mas não mexas na bomba, não mexas na bomba e, sobretudo, não mexas na bomba.

7- NÃO ALTERE A ORDEM EM QUE O MATE É SERVIDO

Roda de chimarrão funciona como cavalo de leiteiro. A cuia passa de mão em mão, sempre na mesma ordem. Para entrar na roda, qualquer hora serve, mas depois de entrar, espera sempre a tua vez e não queiras favorecer ninguém, mesmo que seja a mais prendada prenda do estado.

8- NÃO CONDENES O DONO DA CASA POR TOMAR O PRIMEIRO MATE

Se tu julgas o dono da casa um grosso por preparar o chimarrão e tomar ele próprio o primeiro mate, saibas que o grosso és tu. O pior mate é o primeiro, e quem toma está te prestando um favor.

9- NÃO DURMAS COM A CUIA NA MÃO

Tomar mate solito é um excelente meio de meditar sobre as coisas da vida. Tu mateias sem pressa, matutando... E às vezes te surpreendes até imaginando que a cuia não é cuia, mas o quente seio moreno daquela chinoca faceira que apareceu no baile do Gaudêncio... Agora, tomar chimarrão numa roda é muito diferente. Aí o fundamental não é meditar, mas sim integrar-se à roda. Numa roda de chimarrão, tu falas, discutes, ris, xingas, enfim, tu participas de uma comunidade em confraternização. Só que essa tua participação não pode ser levada ao extremo de te fazer esquecer a cuia que está na tua mão. Fala quanto quizeres mas não esqueças de tomar o teu mate que a moçada tá esperando.

10- NÃO DIGAS QUE O CHIMARRÃO DÁ CÂNCER NA GARGANTA

Pode até dar. Mas não vai ser tu, que pela primeira vez pega na cuia, que irás dizer, com ar de entendido, que o cancerígeno. Se aceitaste o mate que te ofereceram, toma e esqueces o câncer. Se não der para esquecer, faz o seguinte: pede uma coca-cola com canudinho que ela etc... etc...

PÉRCIO DE MORAES

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Pensamento peculiar II

O ar condicionado da sala onde trabalho está desregulado. Ora fica muito frio, ora muito calor, e isso independe da temperatura que consta no controle remoto. Chamamos o técnico de manutenção. Que é português, diga-se de passagem.

"Qual é o problema?"
"O ar condicionado está desregulado e a temperatura varia muito"
"Ora, mas pra mim está fresco"
"Pois é, mas pra mim não está. O controle está marcando 18°, mas não está 18° na sala"
"Mas está fresco, oras, isso é o que importa. Onde já se viu, vocês querem passar frio?"
"Não, só queremos poder escolher a temperatura da sala. O senhor pode consertar o ar, por favor?"
"Mas consertar o quê, ora bolas? Está fresco. Sai vento. Está bom"

E não teve cristo que o convencesse do contrário...
Foi preciso rir pra não chorar. Haja paciência, viu?!
Ah, e o ar condicionado continua desregulado!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ixi Yeto Yatululuka

Quinta-feira fui ao coquetel de lançamento do novo CD de Filipe Mukenga, famoso cantor angolano. Ele fez um pocket show e apresentou o clipe da primeira música do CD: "Ixi Yeto Yatululuka". Achei muito bonita e compartilho a letra aqui com vocês:

Ngana Nzambi, amém / Ngana Nzambi, amém / Ndenu ni Nzambi / Ndenu ku sanguluka / Eme ngondodionda, kua Nzambi / Tu aloloké ó ituxi yeto / Ixi yeto yatululuka / Nga sanguluka kia / Lelu kizua kia ngalasa, kia ku jimba / Mu kuaxi, mu kua Ngola, ó mauta já dixiba / Tondo kalakala kia, ni nguzu, ni ngoma / Lelu jimbenu ioso ituabite mukulu / Lelu jimbenu ioso ituabite, an'angola

Senhor, amém / Senhor, amém / Ides com o senhor / Ides festejar / Eu rogarei a Deus que perdoe os nossos pecados / A nossa terra está em paz e eu estou alegre / Hoje é dia de graças, dia para esquecer / E vós que sois da terra, vós angolanos / Saibam que as armas se calaram / Trabalhemos agora, com força, com batuque / Esqueçamos o que passou no antigamente / Esqueçamos o que aconteceu, filhos de Angola

sábado, 17 de outubro de 2009

Dia do homem

Sexta-feira em Angola é dia do homem. Todas as sextas-feiras os homens ficam liberados para sair e fazer farra enquanto suas mulheres ficam cuidando dos afazeres domésticos. Eu sempre brinco dizendo que os angolanos devem ser todos homossexuais, já que os homens podem sair e as mulheres não. Vai entender...

Não existe um dia da semana reservado para a mulher.

Aqui a poligamia masculina é permitida e, em muitos casos, incentivada. À mulher cabe a tarefa de aceitar tudo calada, enquanto carrega os filhos nas costas e o resto na cabeça. Não existe essa história de cavalheirismo: se há algo pesado a ser carregado, quem o faz é a mulher. O homem segue de mãos vazias, enquanto aprecia a paisagem.

Mulher é objeto, propriedade.

No início da coleta de dados, ainda no Cunene, presenciei uma das cenas mais chocantes da minha vida. Já comecei a contar esse episódio várias vezes aqui no blog, mas sempre desisto antes de chegar ao fim. Ainda hoje, quando lembro do ocorrido, meu rosto arde como brasa. É a tal da ferida difícil de cicatrizar...

Estávamos em uma sala de aula entrevistando um grupo de quatro mães, quando um senhor, fardado com o uniforme da polícia, entrou abruptamente no recinto. Olhei pra ele, me apresentei e perguntei em que podia ajudar. Com modos rudes e sem prestar atenção ao que eu dizia, ele mandou que eu continuasse o meu trabalho, apontou para duas mulheres e mandou que elas saíssem da sala. Eu expliquei que a entrevista não iria demorar muito, mas ele me interrompeu e, apontando para as duas, disse convicto: "são minhas! essa e essa são minhas! as outras duas não...". E riu.
Enquanto falava, se aproximou de uma delas e começou a desferir-lhe fortes tapas nos braços. A mulher ria encolhida, tentando se proteger, enquanto olhávamos atônitas para a cena. Quando cansou de bater na primeira mulher, ele olhou para nós, deu vários tapas de satisfação em sua própria barriga e explicou que estava com fome e que as mulheres deveriam ir logo preparar sua comida. Ficamos sentadas, sem fala, com o rosto em fogo, misto de ódio e humilhação, enquanto aquela figura patética continuava em nossa frente proferindo absurdos e agredindo "suas" mulheres. Alguns instantes depois, aparentemente convencido de que as duas não tardariam a ir para casa, ele se dirigiu à porta. Antes de sair, porém, voltou e deu uma bofetada violenta no rosto da segunda mulher, que, constrangida, baixou a cabeça.
Meu estômago deu uma volta tão violenta quanto a bofetada e, com os olhos cheios d'água, tive que me segurar para não partir para cima do animal que saía da sala. Naquele instante, nenhum método de tortura parecia suficiente para a dor que eu desejava que aquele monstro sentisse.
Ele bateu a porta e ficamos as seis mergulhadas em silêncio naquela sala que parecia pequena demais para tanto constrangimento, para tanta impotência, para tanta humilhação. Sem saber o que fazer, dissemos que elas poderiam ir para casa se quisessem. Elas ficaram. Nós ficamos. Seis mulheres em uma sala partilhando, sem palavras, um momento de dor profunda. Dor rotineira para quatro delas. Dor revoltante para as outras duas.

Horário brasileiro de verão

A partir de hoje à meia-noite (esse hífen ainda existe?) vamos ficar a apenas três horas de distância. Oba! Me sinto cada vez mais pertinho de vocês! :)

Da série "diálogos curiosos"

Trecho de conversa trazido pelo vento enquanto eu andava na rua:

"...eu prefiro as cobras porque cobra a gente sabe que é venenosa e pica, então fica atento. Mulher não..."

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Como te sentes tu?

Vocês lembram da música "Como me sinto eu", do Heavy C, que postei logo que cheguei em Angola? Pois então! Descobri que, na verdade, aquela é uma resposta à canção "Como te sentes tu?", interpretada pela Ary!

Bafafá geral! O cara traiu a mulher com um monte de gente, inclusive com a Neusa, lembram dela? A namorada traída, para se vingar, também saiu com outro. E aí, depois de saborear sua vingança, pergunta a ele algo do tipo: "e agora, rapaz, como te sentes tu?". E, então, a história toda se desenrola... Não é o máximo?! Hehehehehehe Reparem na cara do malandro quando pega a mulher o traindo. É cômico!

Ah! Não deixem de ouvir a resposta do Heavy C de novo depois de verem o clipe da Ary! Agora faz muito mais sentido! :)


Como te sentes tu?
Diz-me se sabes bem?
Ser traído também
Como te sentes tu?

A nossa relação não durou
Tu dizes que a culpada fui eu
Mas ouve lá
Espera lá
Agora deixa-me falar

Eu sei que fui fraca e caí muito baixo
Em vez de amor te fiz passar um mau bocado
Pode parecer hipocrisia
Mas eu te amo

Mas tu me magoaste tanto
Me traíste muito
Teu amor foi falso
E eu só fiz o mesmo
Dei-te teu veneno
Agora diz-me algo...

Como te sentes tu?
A vítima és tu
Agora sou eu quem diz que foi só uma curtição
Diz-me se sabes bem
Ser traído também
Agora és tu que estás na minha posição

Como te sentes tu?

Quando saíste com a Neusa disseste que era a primeira e a última
Depois curtiste com aquela cujo nome prefiro nem citar
Fizeste muitas porcarias
Fui fiel até um dia
Burra sou eu pois mesmo assim eu te amo

Mas tu me magoaste tanto
Me traíste muito
Teu amor foi falso
E eu só fiz o mesmo
Dei-te teu veneno
Agora diz-me algo...

Como te sentes tu?
A vítima és tu
Agora sou eu quem diz que foi só uma curtição
Diz-me se sabes bem
Ser traído também
Agora és tu que estás na minha posição

Baby quando eu te traí é porque eu tinha motivos
Só espero que um dia tu entendas isso...
Como te sentes tu?
Ser traído também
Diz-me se sabes bem?


Obs.: para os que não entenderam nada, o título do primeiro post, que foi publicado em agosto, é Kizomba.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Conflito

Não sei como está a repercussão no Brasil, mas há alguns dias um estremecimento das relações entre Angola e a República Democrática do Congo (antigo Zaire) tem deixado a população preocupada.

O conflito começou quando o Governo de Angola resolveu expulsar do país milhares de congoleses que, teoricamente, estariam explorando ilegalmente as minas de diamante angolanas. O Congo, que recebeu um número incontável de angolanos no período da guerra civil, não gostou da atitude e decidiu fazer uma retaliação e também expulsar os angolanos de seu território. Estava armada a perrenga.

Os números são desencontrados, mas, ao que tudo indica, mais de 20 mil angolanos já foram expulsos do Congo, quantidade semelhante a de congoleses que foram expulsos de Angola. Famílias estão sendo separadas e tem gente perdendo tudo o que construiu durante anos.

Por enquanto não se fala abertamente em guerra, mas é claro que a população, traumatizada depois de tantos anos de lutas, está aflita. Pessoalmente, acredito que essa é uma situação que pode ser facilmente resolvida caso o tio da foto queira de fato fazê-lo. Acabei de ler uma notícia da BBC dizendo que os dois Governos parecem ter chegado a um acordo para encerrar as expulsões. Tomara que seja mesmo verdade.

Quanto a mim, vocês não precisam se preocupar (viu, pai?! hehehehe). A notícia é apenas para que vocês saibam o que tem ocorrido no país. Luanda está bem distante do epicentro da crise. Na verdade, a capital praticamente não sofreu fisicamente com nenhuma das guerras. É por isso que a maioria da população angolana está concentrada aqui. E é por isso também que a cidade é tão caótica, mas isso dá assunto para um outro post inteiro... :)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Dois meses

Hoje completo exatos dois meses em Angola.
Contei isso para alguém e a pessoa respondeu o previsível: "como passa rápido, né?", que é o que muitos de vocês também devem ter pensado.

Não sei se passa rápido... Às vezes sim, às vezes não.

O último mês foi um pouco atípico porque fiquei o tempo inteiro viajando devido à coleta de dados. Como eu estava muito envolvida com o trabalho e com os deslocamentos, pareceu que passou rápido. Mas, mesmo nesse período, foram incontáveis os dias em que me peguei querendo apressar os ponteiros do relógio para poder ver os meus queridos todos e, confesso, para comer todas as comidas gostosas com as quais tenho sonhado.
Em contrapartida, é possível que nos próximos dias eu queria que os ponteiros do relógio se movimentem em câmera lenta. Precisamos escrever o relatório da pesquisa e os prazos estão apertadíssimos...
Então, no fim das contas, acho que tudo depende mesmo do ponto de vista e do estado de espírito de quem vivencia cada experiência. E essa história de que o dia tem 24 horas acaba sendo meio relativa!
O certo é que estou tentando viver esses dias intensamente e aproveitar tudo o máximo que posso porque logo, logo tudo isso acaba e eu com certeza vou pensar, assim como a pessoa com a qual conversei hoje: "bah, mas como passou rápido!".

Pois é, eu também sou previsível! ;)

domingo, 11 de outubro de 2009

Inacreditável!

Bah! Esqueci de contar pra vocês!

Semana passada estávamos em Andulo, voltando da coleta de dados. O carro fazia seu trajeto tranquilamente, avançando sobre os buracos enquanto pipocávamos no banco de trás. Normal. O dia estava bonito: o sol brilhava e o céu estava azul. Eu dividia os fones do meu iPod com Cléa e aproveitava o chacoalhar do carro para dançar ao som de uma música muito boa (que todas as músicas do meu iPod são muito boas).
De repente, com o meu ouvido que estava livre do fone, ouvi um barulho: poc! Normal. De vez em quando alguma coisa bate no carro e faz poc. Tudo bem, voltei a me concentrar na música. Pouco tempo depois, algo novamente se chocou contra a lataria do carro e fez "tac!". Olhei desconfiada para fora do carro, mas não vi nada e comecei a cantarolar, ainda com o olho na estrada. Foi então que eu vi e ouvi: "poc! tac! poc!". Embasbacada, falei alto: "pedra, tá chovendo pedra". O pessoal do carro não deu bola e riu da minha cara.
Poucos segundos depois, as crianças começaram a rir e a correr na rua. Enquanto o povo do carro olhava incrédulo, elas catavam pedrinhas de gelo, felizes da vida. Dentro do carro, o barulho das pedras já não tinha como ser ignorado: "pocpocpoc! poc! tac! poc! tactactactac! poctacpoctactac!".

Granizo! Choveu granizo em Angola! Em Angola! Em um dia de calor e céu azul! Dá pra acreditar?
Me senti praticamente em casa! :)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Conquista!

Hoje ganhei o meu primeiro set em um jogo de tênis! Perdi por incríveis 2 sets a 1! Ou seja, ganhei 1!! Mazah! Brilhantes e suados 7/6, com 7/5 no tie break! Te cuida, Serena! A Palmeira tá com tudo! :D

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Acabou!

Hoje acabou a coleta de dados. Ainda teremos que reaplicar alguns questionários em Luanda na semana que vem, mas esse vai ser só o arremate final. Embora o último mês tenha sido ótimo, a correria deixou sinais visíveis em todo mundo, e não só no corpo (que está todo dolorido). O pior é a cabeça mesmo.

Algumas situações que eram levadas na boa no início do mês, hoje em dia me fazem quase subir nas tamancas. É preciso muuuito autocontrole pra não soltar as patas em quem não tem culpa nenhuma do meu cansaço. Por exemplo...

Aplicação de questionário com um aluno.
"Quem são as pessoas que moram na tua casa?"
Silêncio... Ele olha pra cima, pro lado, pra baixo.
"Tu entendeste a pergunta?"
"Sim"
"E então, quem mora contigo?"
"Cinco"
"Hein?"
"Quatro"
"Não, não estou a perguntar quantas pessoas moram na tua casa...quero saber quem é que mora lá junto contigo"
"Dois"
(a entrevistadora respira fundo e conta até dez pra não quebrar o lápis com o qual preenche o questionário)

No mais, está tudo tranquilo. A coleta foi muito boa. Amanhã vamos enfim voltar para Luanda. Agora vai começar uma nova etapa: análise de dados e elaboração de relatório. Talvez ela seja até mais cansativa do que a coleta de dados, mas ao menos não teremos que enfrentar os deslocamentos.
Queria férias! Um dia desses sonhei com o Sashiburi! Foi tããão bom! :D

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

domingo, 4 de outubro de 2009

Da série "acredite se puder" II


Por fim consegui tirar foto do "painel de embarque" do aeroporto de Luanda. Vejam bem: Luanda! A capital do país...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Rapidinhas de hotel

O hotel em que estamos aqui em Luena é o ó do borogodó.

A chave dos quartos é magnética, mas nunca funciona. A criatura da recepção insiste dizendo que a culpa é minha e que eu deixo a chave junto do celular. Não há cristo que a convença de que eu não desmagnetizo a chave e de que o problema deve ser no sistema deles. Resultado: sempre que volto do campo tenho que fazer um escândalo até que alguém resolva abrir a minha porta.

O restaurante do hotel é cheio de opções no cardápio, mas é super difícil encontrar algo que eles saibam fazer. "Um pastel de bacalhau, por favor" "Ah não, esse nunca saiu não senhora" "E por que tem no cardápio?" "Ah, é que um dia pode sair, né...".

O bife de picanha parece sola de sapato. Um dia desses pedi para falar com o cozinheiro e tentei explicar como é que se faz. Depois disso deu até pra mastigar.

Hoje cheguei da coleta de dados, descansei um pouco e fui fazer xixi. Quando entrei no banheiro dei de cara com um cocô no vaso sanitário. Parece que eu atraio essas coisas...digo, cocôs no vaso. Sério, sempre sou eu que encontro! No meu quarto de Saurimo também tinha um. Mas lá foi no dia em que cheguei. Aqui não, to nesse hotel desde domingo, pô!
Saí furibunda do quarto e fui atrás da mulher da recepção, que nunca está na recepção. Desci até o restaurante e o garçom (que é um gurizão simpático), vendo a minha cara, perguntou o que tinha acontecido. Contei e ele começou a rir. Sentei braba e disse que não tinha graça. Ele continuou rindo e chamou o responsável. Quando o cara tava chegando, o garçom deu um grito: "ô, pá, quem é que defecou no banheiro dela?". Aí até eu ri, né...
Passado o momento de descontração, voltei à minha posição furibunda. Fiz todo um relato indignado e fiquei esperando ele chamar a senhora da limpeza. Ela chegou e perguntou o que tinha acontecido. Eu: "tem um cocô no meu banheiro e não fui eu que fiz!". Ela me olhou escandalizada e... tentou me convencer de que devia ser um cocô oriundo do quarto 5, que resolveu migrar para o quarto 2 (o meu)!! Era só o que me faltava. Expliquei o quanto aquilo era improvável e que era bem mais plausível que a pessoa que fez a limpeza do quarto tivesse aproveitado para dar uma descarregada (mas não uma descarga) no meu banheiro. Ela ficou indignada e disse que aquilo não poderia ter acontecido. Segundo ela, a outra senhora da limpeza nunca faria isso. E, com o rosto aliviado pela conclusão em que chegou, soltou a pérola: "ela não fez isso...deve ter dado a chave do quarto para outra pessoa depois de limpá-lo" (!!!!!). E saiu feliz para buscar o material de limpeza.